sábado, 13 de outubro de 2007

Qualidade de Vida da Pessoa com Estoma Intestinal Definitivo

2007
Autores: Isabel Perregil
Carolina Paulo
RESUMO

Quando ocorre alguma ameaça séria ou défice real na estrutura, função ou aparência do corpo, as pessoas ficam perturbadas. Este tipo de alterações exige que revejam concepções sobre o seu corpo há muito tempo aceites e os modelos de vida poderão necessitar de ser alterados. O doente poderá encarar problemas relacionados com o trabalho, actividades sociais, família e as actividades sexuais poderão exigir uma modificação. Os indivíduos poderão julgar que perderam a qualidade, capacidade para realizar e que as suas aptidões e talentos são deficientes (Brundade & Broadwell, 1995).
Neste contexto e sabendo que um estoma intestinal definitivo pode ser um elemento de desequilíbrio na capacidade de auto-controlo, e poderá constituir um factor que leva o indivíduo a experimentar dificuldades nas suas diferentes dimensões (fisiológica, emocional, psicológica, intelectual, social e espiritual), consideramos que estes indivíduos poderão dar mais valor a conceitos como saúde e qualidade de vida, uma vez que experimentam a sua ausência.
Estando cientes dos aspectos anteriormente referidos, realizamos um trabalho de investigação de carácter descritivo simples de nível 1, que nos permitisse avaliar e descrever a QDV das pessoas com EID.
Fundamentamo-nos em autores como Seidl e Zannon (2004), Ribeiro (2002), Martins (2002), Silva e Shimizu (2006), Costa e Franco (2001), Fortin (1999), entre outros.
A amostra estudada foi do tipo acidental não probabilística e contemplou 25 utentes que frequentavam a Consulta Externa de Estomaterapia do Hospital Central do Funchal, E.P.E. no período de Fevereiro e Março 2007.
Para a colheita de dados utilizamos o WHOQOL-bref, que avalia a Qualidade de Vida em quatro domínios (físico, psicológico, social e ambiental), integrando ainda 2 questões de carácter geral relativas à avaliação da Qualidade de Vida e à saúde percebida pelo inquirido.
Relativamente à caracterização da amostra, concluímos após o tratamento e análise dos dados, realizado com base na estatística descritiva que predominam os indivíduos do género masculino com 56,00%, com uma média de idades de 60,64 anos sendo a classe modal a dos [48-58], os inquiridos maioritariamente casados (76,00%) e provenientes do Funchal. Um total de 36,00% dos indivíduos exerce actividade profissional, no entanto, predominam os indivíduos reformados com 44,00%. Relativamente às habilitações literárias, 32,00% têm o 1º ciclo de escolaridade. A grande maioria dos inquiridos é católica (92,00%) e vivem acompanhados (96,00%). O tipo de estoma que predomina é a colostomia com 76,00% e a maioria possui o EID há mais de três anos (36,00%). A causa do estoma mais apontada foi a neoplasia colo-rectal. A maioria dos inquiridos referiu a presença de complicações, 68,00%. Apenas duas pessoas realizam a irrigação do estoma. Verificamos que o tipo de dispositivo mais utilizado foi o de uma peça e fechado com 64,00%, que grande parte efectua a mudança do dispositivo uma vez ao dia (56,00%) e que esta é feita maioritariamente pelo próprio (88,00%). A maioria dos inquiridos considera possuir as condições de habitação necessárias para a realização do seu autocuidado (76,00%). Quando os utentes têm dúvidas ou surgem imprevistos, estes recorrem maioritariamente à enfermeira de estomaterapia (84,00%).
No que respeita à variável em estudo, Qualidade de Vida, e considerando 12 como ponto médio relativo aos scores possíveis (mínimo 4 e máximo 20), concluímos que o domínio social foi o mais afectado, com uma média de scores de 12,27, tendo apresentado o score obtido mais baixo (5,33), com desvio padrão de 3,10, demonstrando maior heterogeneidade entre os inquiridos e com uma mediana de 12,00; segue-se o domínio psicológico com média de scores de 12,88, uma mediana de 12,67, um desvio padrão de 1,63, sendo aquele que se revela mais homogéneo; posteriormente temos o domínio físico com uma média de 13,21, com desvio padrão de 1,75 e mediana de 13,14; por fim, o menos afectado, foi o domínio ambiental, com uma média de 13,44, com um desvio padrão de 1,72 e uma mediana de 14,00.
Na análise feita aos domínios da Qualidade de Vida, comparando as pessoas colostomizadas com as ileostomizadas, os dados revelaram que o domínio social se encontra mais comprometido nas pessoas possuidoras de ileostomia com uma média de scores de 10,89, comparativamente a 12,70 nos portadores de colostomia, não havendo divergências significativas nos valores obtidos nos restantes domínios.
Avaliando a Qualidade de Vida Global da amostra concluímos que esta é apenas ligeiramente positiva com uma média de scores de 12,95, superior ao ponto médio definido (12), mas muito longe do desejado (20 – score máximo possível).
Esperamos que os dados obtidos permitam compreender os aspectos mais marcantes e determinantes na vida da pessoa com EID, com intuito de contribuir para a reflexão da equipe multidisciplinar acerca de estratégias e intervenções adequadas para a melhoria da QDV destes utentes.

1 comentário:

blogger disse...

sou uma pessoa mto feliz mesmo usando uma colostomia a7anos eé para sempre sou casda e tenho um marido maravilhosso abracos a todos os colostomizados