segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Atitude dos Enfermeiros perante a Criança em Fase Terminal da Vida

2007

Autores:
Cátia Santos
Ana Nunes
Ana Zélia


A vida e a morte são experiências pessoais, intransmissíveis e inevitáveis (Soares, 2004). Mas, quando a morte ocorre numa criança é encarada como grande injustiça e atribui especificidades emocionais particulares, quer para a família quer para os enfermeiros (Pinto, 1997).
Assim, o enfermeiro assume um papel fundamental junto do doente em fase terminal, pois é o profissional de saúde que está mais próximo dele e da sua família e que mais pode apoiar numa fase tão difícil como é a morte. Desta forma, ao se confrontar com um doente terminal, o enfermeiro deverá mostrar disponibilidade, estar presente, escutar, dar a mão e aceitar o sofrimento da pessoa que vai morrer. Assim, no exercício da sua arte deve ter presente que o morrer com dignidade é um direito do doente terminal (Ferreira, 2004).
Por acharmos que a atitude e o comportamento dos enfermeiros perante o doente em fase terminal da vida é de crucial importância para a excelência do cuidar e bem-estar, e por ser um assunto pouco estudado, surgiu o interesse em identificar e descrever a Atitude dos Enfermeiros Perante a Criança em Fase Terminal da Vida.
Neste trabalho quantitativo, exploratório-descritivo com abordagem qualitativa do conteúdo das entrevistas fizemos uma entrevista semi-estruturada, gravada em fita magnética e em MP3, a uma amostra probabilística acidental constituída por sete enfermeiras que exercem funções no Serviço de Pediatria do HCF realizada entre 26 e 31 de Janeiro de 2007. Utilizámos a estatística descritiva para o tratamento da variável de caracterização e para tratamento da variável em estudo a análise de conteúdo.
Para fundamentar teoricamente o nosso estudo, baseámo-nos em vários autores tais como: Martins (1996), Pinto (1997), Collière (1999), Loureiro (2001), Monteiro & Santos (2001), Frias (2003), Nunes (2003), Fernandes, Franco & Martins (2004), Neto (2004), Pacheco (2004) e Soares (2004). E para a fundamentação metodológica baseámo-nos, essencialmente nos seguintes autores: Vala (1986), Ghiglione & Matalon (1993), Hungler & Polit (1995), Gil (1999), Almeida & Freire (2000), Lakatos & Marconi (2000) e Fortin (2003).
As sete enfermeiras tinham idades compreendidas entre 25 e 49 anos, 57,14% das enfermeiras são solteiras, todas professam a religião Católica, 85,71% possuem licenciatura, 14,29% especialistas, 57,14% tem tempo de exercício profissional entre [0 – 8[ anos. A média de exercício profissional no Serviço de Pediatria é de 11 anos.
A Atitude dos Enfermeiros Perante a Criança em Fase Terminal da Vida (278 unidades de enumeração) traduziu-se nas componentes cognitiva, afectiva e comportamental com 104, 97 e 77 unidades de enumeração respectivamente.
Na categoria componente cognitiva, destacou-se a subcategoria ideias com 43 unidades de enumeração. Na categoria componente afectiva, a dor, a impotência e a satisfação com 19, 11 e 8 unidades de enumeração respectivamente. Já na categoria componente comportamental, foi mais evidenciado o satisfazer as necessidades (21 unidades de enumeração), a dificuldade (12 unidades de enumeração) e a presença (11 unidades de enumeração).
Estes resultados permitem conhecer a Atitude dos Enfermeiros Perante a Criança em Fase Terminal da Vida, na medida em que foi-nos possível identificar o que os enfermeiros sabem, sentem e fazem aquando dos cuidados prestados à criança em fase terminal da vida, constituindo assim, uma oportunidade de reflexão acerca desta temática.

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