segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Novo passo no tratamento do carcinoma da mama

Madalena Barbosa
Quando diagnosticados e tratados precocemente, 90% dos carcinomas da mama têm possibilidade de cura. O BCIRG-006, que testa a eficácia terapêutica da associação entre um anticorpo monoclonal e um esquema de quimioterapia à base de docetaxel, conclui que esta combinação contribui para a redução do risco de reaparecimento do carcinoma da mama entre 39 a 51%.

A primeira análise do estudo BCIRG-006, levado a cabo pelo Grupo Internacional de Investigação do Carcinoma da Mama – o BCIRG (Breast Cancer International Research Group), foi divulgada, no mês de Dezembro, no Simpósio do Carcinoma da Mama, que se realizou em San Antonio, EUA.

Neste estudo, em que participaram 3222 doentes de 42 países, testou-se a eficácia e toxicidade de uma terapêutica que associa um esquema de quimioterapia à base de docetaxel, com ou sem antraciclina, com o trastuzumab (fármaco que inibe o receptor HER2 da célula tumoral).

«O principal objectivo do BCIRG-006 foi determinar se este novo tratamento é capaz de aumentar o tempo de sobrevivência livre de doença e a sobrevivência global das doentes», afirma o Dr. Sérgio Barroso, oncologista médico e director da Unidade de Oncologia do Centro Hospitalar do Baixo Alentejo.

Pode dizer-se que as principais conclusões foram de encontro a este objectivo: «A utilização de um regime de quimioterapia à base de docetaxel em conjunto com trastuzumab aumenta significativamente a sobrevivência livre de doença, tendo se verificado uma redução de 39 a 51% do risco de recidiva do carcinoma da mama», revela o mesmo especialista.

Estes resultados referem-se a uma actuação em estádio precoce do carcinoma da mama, ou seja, quando o tumor está localizado na glândula mamária ou nos gânglios da axila.

Uma alternativa para os doentes com risco cardíaco
«Os resultados do BCIRG-006 são ainda preliminares, mas, dada a sua importância e positividade, foram já apresentados. Trata-se de um estudo inovador no tratamento do carcinoma da mama porque, por um lado, utiliza a quimioterapia à base de docetaxel que, actualmente, é considerada como das mais eficazes numa fase precoce e, por outro, utiliza este novo medicamento – o trastuzumab – que bloqueia o receptor cerbB2/Her2 das células tumorais», sublinha o oncologista médico.

Uma parte significativa dos doentes com carcinoma da mama, mesmo depois da cirurgia, necessita de fazer quimioterapia para minimizar o risco de reaparecimento da doença. Regra geral, a quimioterapia contém antraciclina (fármaco que pode provocar toxidade cardíaca). Mas a quimioterapia à base de docetaxel também pode ser aplicada sem antraciclina. Assim, esta «pode ser uma alternativa importante, pois mantém a eficácia e não apresenta toxicidade cardíaca significativa», diz Sérgio Barroso.

Este esquema de quimioterapia à base de docetaxel sem antraciclinas foi um dos testados no BCIRG-006 e «é uma alternativa para os doentes com risco cardíaco ou para aqueles em quem se pretende evitar esta toxicidade», assegura o especialista.

Para já, estes esquemas de tratamento usados no BCIRG-006 ainda não foram aprovados pelas entidades reguladoras dos medicamentos, «mas essa aprovação é muito provável a curto prazo, o que possibilitará a utilização do trastuzumab em associação com a quimioterapia à base de docetaxel na prática clínica», conclui Sérgio Barroso.
Fonte: Médicos de Portugal

1 comentário:

lipopitatico disse...

Realmente é importatante é importante novos tratamentos para o Cancro da Mama.
Mas Existem em portugal fármacos como o Raloxifeno "Optruma" , que nos E.U.A. estão também aprovados na prevenção do Cancro da Mama e nós em Portugal não o aprovamos , como é possivel fecher os olhos para a prevenção de tão dramática patologia que afecta principalmente as Mulheres na fase da Menopausa ?