sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

DAR QUALIDADE AOS ÚLTIMOS TEMPOS DE VIDA

Cátia Jorge

Numa fase em que a Medicina já nada pode fazer no sentido de aumentar o tempo de vida, a esperança é dar qualidade e dignidade ao pouco que resta para os portadores de doença crónica prolongada.


Geralmente idosos, sozinhos e carentes, a grande maioria destes doentes crónicos está debilitada não só do ponto de vista físico, mas também emocional.

Consciente deste problema a AMASIN – Associação dos Amigos e Utentes do Hospital de Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), assume um papel crítico em nome da defesa dos utentes de saúde dos concelhos da Amadora e de Sintra, não só no que diz respeito à Unidade Hospitalar em questão, mas também a todos os cuidados prestados pelos Centros de Saúde destas autarquias.

«Há uma tendência para o aumento do envelhecimento da população, sendo que actualmente os idosos representam 17% da população geral e que, em 2050, esse valor será de 32%. Isto significa que cada vez mais iremos precisar dos cuidados paliativos e continuados», explica a Dr.ª Lurdes Ferreira, presidente da AMASIN.

Com a perspectiva do aumento da esperança de vida, novas doenças e novos processos de envelhecimento irão surgir, aumentando, por consequência, o número de doentes crónicos. É no sentido de cuidar na doença crónica e prolongada que há também uma maior necessidade de recorrer aos cuidados paliativos.

O objectivo da AMASIN é, segundo Lurdes Ferreira, «sensibilizar os poderes central e local, as instituições da área da saúde e outras da sociedade civil e ainda os profissionais de saúde e técnicos para esta realidade, cada vez mais dos nossos dias. Conhecer a realidade local ao nível dos concelhos da Amadora e de Sintra da capacidade de resposta na área dos cuidados continuados de saúde e dos cuidados paliativos».



Aliviar a dor emocional para melhor tratar a dor física

O sofrimento, a solidão e o isolamento tem por vezes um peso maior na alma do que a própria doença no corpo. Quando a dor física não tem solução, é ainda possível fazer algo para aliviar a dor psicológica e emocional.

«Há pessoas que sofrem, que estão sozinhas e temos de dar um passo em frente para melhorar as suas vidas. Em Portugal os cuidados paliativos e continuados são ainda uma área pouco desenvolvida, mas que está agora a despertar o interesse dos portugueses», menciona Lurdes Ferreira.

Para além de aliviar o sofrimento dos portadores dessas doenças crónicas prolongadas é também necessário cuidar e apoiar os familiares e amigos destes doentes.

«Tratam-se de situações muito dolorosas para as pessoas mais chegadas ao doente. Também elas precisam de um suporte psicológico e emocional. Por vezes é mais desgastante o aspecto afectivo», diz a nossa entrevistada.

Para garantir um maior apoio a estas famílias a AMASIN conta com todos os recursos possíveis e com entidades que estejam disponíveis a colaborar, entre elas as Câmaras Municipais, as Juntas de Freguesia, os Centros de Saúde e todos os restantes parceiros locais.



Fonte: Medicina & Saúde

Sem comentários: