terça-feira, 16 de setembro de 2008

PARA QUANDO A PRIMEIRA CONSULTA NO GINECOLOGISTA?



Andreia Pereira


Com a chegada da puberdade, tudo muda. O corpo ganha forma e a cabeça enche-se de dúvidas. É nesta fase que os jovens procuram obter respostas às alterações do corpo. Será a altura de substituir o pediatra pelo ginecologista?





Existe uma idade ideal para procurar um ginecologista? Esta poderá ser uma das questões mais levantadas pelas jovens adolescentes. Embora não haja uma "hora certa", o Prof. Martinez de Oliveira, presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG) diz que "numa perspectiva preventiva, a primeira consulta deve ter lugar antes de qualquer situação de risco". Acontece que "raramente isto sucede por motivos educacionais", explica.




Para que haja uma detecção precoce de eventuais complicações, "a primeira observação ginecológica seria, tecnicamente, aconselhável por volta dos 10 anos", afirma o especialista. Mas ressalva que uma consulta nesta idade não é facilmente aceite, "tendo em conta a baixa frequência de problemas nesta altura" e a necessidade de uma abordagem diferente.




As irregularidades menstruais, acompanhadas de dores, são um dos motivos mais comuns que conduzem à primeira consulta no ginecologista. Embora, "cada vez mais, se vejam jovens que procuram o especialista por razões de aconselhamento e exame de rotina, após a primeira relação sexual".









Mudam-se os tempos, mudam-se as atitudes




Se há uns anos, a consulta no ginecologista era encarada com algum pudor e vergonha, hoje em dia, tem-se assistido a uma mudança de postura. "Antigamente, as jovens dirigiam-se à consulta para solicitar ajuda contraceptiva, mas através de outros sintomas, como as dores menstruais. Actualmente, pede-se ajuda directamente sobre contracepção ou solicita-se informação sobre temas de sexualidade, que, dificilmente, são abordados em casa, pelos pais."




Nos dias que correm, a acessibilidade e a divulgação facilitam a consulta, sem receios, nem tabus. "Esta percepção está muito dependente de factores culturais e do perfil educacional ou religioso", justifica Martinez de Oliveira. As jovens "já não se sentem ‘agredidas' na sua privacidade" aquando do exame, embora revelem algum "pudor".




Há, ainda, alguns mitos associados à consulta no ginecologista, mas, garante o especialista, "não serão tão perceptíveis como outrora". O receio de sentir dor, relacionada com o exame, e a exposição do corpo são aqueles que mais frequentemente estão associados à visita do ginecologista.




O especialista desmistifica, no entanto, estas ideias erradas, salientando que "um exame ginecológico, realizado com tranquilidade e sem desconforto, é o primeiro passo para um observação regular e descontraída". Estes exames são "fundamentais para o rastreio de situações clínicas que possam ocorrer".




Normalmente, as mães dão um "empurrãozinho" às jovens, alertando-as para a necessidade de recorrerem à primeira consulta e até acompanhando-as, quando existem eventuais problemas. Mas, tratando-se de uma situação de aconselhamento, a jovem "prefere ir sozinha", já que "naturalmente a presença da mãe impõe alguma limitação ou adaptação na abordagem dos temas da sexualidade".



Consulta sem mistérios




Pode parecer um bicho-de-sete-cabeças, mas, na prática, não há mistério nenhum na visita ao ginecologia. E, afinal, como se processa esta consulta? "Atendendo à perspectiva que motiva a consulta, a idade e a vivência sexual, o médico presta aconselhamento, rastreio (componente preventiva) e a identificação ou correcção de problemas."




Claro está que os procedimentos são adaptados à idade da jovem. "Tratando-se de um exame a uma criança, antes da menarca [aparecimento do ciclo menstrual], o material utilizado vai depender, naturalmente, do objectivo da consulta e das condições físico-corporais." Este exame físico (mamário e ginecológico) "é fundamental na detecção de problemas, como, ainda, na criação de empatia entre a jovem e o seu médico".




Para marcação da primeira consulta, as jovens podem optar pelo sistema público ou privado, consoante a disponibilidade financeira. No primeiro caso, para além do especialista, as jovens podem recorrer às consultas de Planeamento Familiar, geridas por médicos de Família.








Razões que motivam a primeira consulta ginecológica de jovens:




- Identificação de dificuldades relacionadas com anomalias que impedem o normal fluxo menstrual;




- Esclarecimento de dúvidas ou resolução de problemas conotados com a prática sexual;




- Prestação de informações que apontem no sentido de uma prevenção da gravidez não desejada e das infecções sexualmente transmissíveis.


Fonte: Jornal do centro de Saúde

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