domingo, 4 de novembro de 2007

ALGUNS MEDICAMENTOS PODEM PERTURBAR O SONO

As consequências de se não ter dormido uma única noite são incomodativas. Imagine-se quando isso sucede várias vezes segui­das e frequentemente... A este «fenómeno» dá-se o nome de insónia e incide, sobretudo, na segunda metade da vida. Os adultos necessitam de dormir menos que as crianças. Enquanto os mais novos precisam de dormir aproximadamente 9 a 10 horas, aos adultos bastam 7 a 8 horas para «carregar baterias».

No que diz respeito aos idosos, a Prof.ª Teresa Paiva, neurologista e responsável pelo Laboratório de Electroencefalografia/Sono do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, diz que existem opiniões controversas:
«Algumas pessoas dizem que precisam mesmo de dormir as tais 9 a 10 horas diárias, outras há que a partir dos 70 anos começam a reduzir o tempo de sono, bai­xando para as 6/7 horas.»
Todavia, não se considera que determinado indivíduo sofra de insónias só porque geralmente não dorme o número de horas indicado para a idade.
«Considera-se insónia quando a pessoa tem um sono curto e de má qualidade e de manhã acorda cansada e, ainda, quando não está satisfeita com o seu sono», explica Teresa Paiva.
De facto, a insónia é uma perturbação do sono que, além de afectar a qualidade de vida, aumenta de incidência com a idade.
De acordo com a especialista, «há dois factores de risco na insónia: ser idoso e ser mulher. Nos idosos, porque há uma maior ingestão medicamentosa, sobretudo de fármacos para dormir. Além disso, há uma maior prevalência de doenças do sono (apneia do sono ou movimentos periódicos do sono) e outras doenças médicas que acabam por perturbar o sono».
As dores articulares, as doenças reumáticas e, nos homens idosos, o urinar durante a noite são patologias que podem causar a insónia. Outro factor que se associa a esta perturbação do sono é a obesidade. Algumas patologias neurológicas, como os acidentes vasculares cerebrais ou a doença de Alzheimer, provocam alte­rações do sono muito específicas.
Como não poderia deixar de ser, ficar sem «pregar olho» durante grande parte da noite implica ter uma vida diurna um tanto ou quanto incomum.
«As pessoas que dormem mal tendem a ter dificuldades de concentração, durante o dia, bem como irritabilidade, depressão, problemas de memória e alguma fadiga», indica a neurologista, prosseguindo:
«O problema básico de quem tem insónia é sentir-se deprimido e começar a desenvolver uma certa angústia pelo facto de não dormir. Mas os idosos têm mais tempo livre e uma maior propensão para dormir a sesta. Isto pode ser bom ou mau, pois os que não dormem de noite tentam dormir mais durante o dia, agravando a insónia.
»Para abolir a insónia da noite, na opinião de Teresa Paiva, «os idosos devem adoptar certos hábitos. Ter uma vida sedentária é péssimo e estar fechado em casa também, por isso devem sair à rua para apanhar luz e fazer exercício físico, nem que seja andar a pé. Se estiverem institucionalizados, há determinados aspectos muito importantes, que é haver luminosidade no sítio onde estão e não se apagar a luz quando se vão deitar cedo demais, porque vai implicar o consumo de hipnóticos».
A especialista em doenças do sono alerta, ainda, para o uso de determinados medicamentos:
«As pessoas devem ter muito cuidado em relação aos fármacos que tomam, já que alguns específicos para idosos podem originar insónia. É o caso de certos anti--hi­­pertensores ou anticolesterolé­micos.»
Se as estratégias que promovem o sono não forem eficazes, eventualmente, pode­rão ser administradas terapêuticas farmacológicas. Porém, é fundamental que o especialista descubra, primeiro, a(s) causa(s) da insónia.

Sem comentários: